Martin
Achtnich, nascido em 20 de maio de 1918 em Winterthur, na Suíça, era o filho
mais novo de uma família de industriais do setor de malharia e papel e
celulose. Em sua genealogia há muitos padres e assistentes sociais. Após a
conclusão de sua formação escolar, entrou na faculdade de Filosofia da
Universidade de Zurique. Primeiramente interessou-se por História e depois por
Língua e Literatura Germânica. Chegou a fazer um curso de teatro, pois sonhava
em ser diretor teatral. Após seis semestres, mudou de curso, concluindo
formação universitária em Filosofia, Pedagogia e Psicologia – na época uma
unidade. Paralelamente concluiu, também, formação no Instituto de Psicologia Aplicada
(IAP) em Zurique, aprofundando-se em Orientação e Informação Profissional,
Doenças do Trabalho, Caracterologia, Psicologia Profunda, Psicologia Sistêmica,
Diagnóstico de Rorschach, Grafologia e Aconselhamento Psicológico.
Nesse instituto, em 1946 conheceu Leopold Szondi, um psiquiatra húngaro que
havia se refugiado na Suíça durante a 2ª Guerra Mundial. Szondi lecionava sobre
seu teste e sobre a Psicologia do Destino. O seu Livro “Psicologia do Destino -
Liberdade e compulsão no destino do homem na escolha da profissão, amigos,
esposa, doenças e morte” tinha sido recém lançado (1945) e representava um
desafio. Com mais outros 3 estudantes, fez parte do primeiro grupo que teve
aulas particulares com Szondi.
Em 1947 começou a trabalhar como orientador profissional, atendendo em média
450 jovens por ano. Permaneceu fiel a essa atividade, que exerceu com muita
dedicação durante toda sua vida.
De 1949 a 1960 dirigiu o Centro de Orientação Profissional em Winterthur. Nessa
posição desenvolveu importantes projetos de grande amplitude social na área de
informação profissional.
Engajava-se com igual empenho no aconselhamento de jovens com dificuldade
escolar, de jovens de escolas de alto nível ou de estudantes universitários,
ajudando-os a fazer uma escolha profissional bem pensada. Sua dedicação aos
jovens com algum tipo de dificuldade (deficientes visuais, deficientes
auditivos, deficientes físicos, epiléticos, psicopatas, neuróticos e também
jovens com distúrbio do comportamento), foi a base de sua tese de doutorado:
“Valores normativos da curva laboral de Kraepelin em rapazes de 10 a 15 anos e
o seu significado para a apreensão de crianças com distúrbios de
comportamento”.
Seus orientandos se sentiam atraídos e eram gratos pela sua abertura,
compreensão e teimosia em ajudá-los.
Em 1961 abriu seu consultório particular de orientação profissional, onde
atendia pessoas que se encontravam em crise profissional e pessoal, ou que
apresentavam distúrbios de aprendizagem e do trabalho. A base do trabalho
terapêutico adquirira no “Grupo de Estudo da Psicologia do Destino e Pesquisa
Experimental da Pulsões”, durante 3 anos, junto a Leopold Szondi.
Foi membro
da “Sociedade Suíça de Terapia segundo a Psicologia do Destino” e da “Sociedade
Suíça de Psicoterapeutas de Crianças e Adolescentes”.
Nessa época, seguindo a sugestão de um colega, Dr. Hansjörg Ringger, de
desenvolver um teste de profissões classificadas segundo os fatores da
Psicologia do Destino e o conselho de seu renomado mestre, Szondi, de fazer um
teste baseado em fotos, nasceu a idéia de um teste de fotos de profissões.
Szondi acreditava que as fotos têm um poder de evocação maior do que frases.
Para a padronização do teste apoiou-se na técnica das associações, desenvolvida
por S.Freud.
Após 18 anos de dedicação, em grande parte usando recursos próprios e com a
participação de colegas e da família, nasceu a obra de sua vida: O BBT – Teste
de Fotos de Profissões. A dedicatória que Leopold Szondi lhe escreveu no livro
recém lançado, em 1979, caracteriza bem o espírito vivo, curioso e sempre em
busca do novo de Martin Achtnich: “O livro mostra claramente: Não somos nada, -
o que buscamos é tudo”.
O teste teve grande aceitação na Suíça e, em meados dos anos 80, foi descoberto
nos diferentes países da Europa, tendo sido traduzido inicialmente para o
francês em 1987, na Bélgica. Desde então ele vem sendo utilizado na Bélgica,
França, Israel, Polônia e na Rússia, entre outros países.
No
Brasil, o teste foi introduzido através de André Jacquemin, em 1989, então diretor do
curso de psicologia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP de
Ribeirão Preto.
Martin Achtnich faleceu em 3 de julho de 1996, deixando uma legião de
admiradores e seguidores de suas idéias e de seus ideais humanistas.